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Blogtailors - o blogue da edição

Entrevista a Eduardo Pitta

17.03.10
«Eduardo Pitta é um dos nomes sonantes da crítica nacional. As suas recensões são aguardadas com expectativa pelas editoras, já que muitas vezes ditam o destino de um livro no sempre concorrencial mercado literário. Uma opinião positiva? Futuro promissor para a obra; uma opinião desfavorável? O melhor é procurar o livro no fundo da estante das livrarias e dos hipermercados…

Também poeta, escritor e ensaísta, Pitta recebeu no mês passado o Prémio Especial do Júri Ler/Booktailors para Jornalista ou Imprensa de Edição, uma distinção "atribuída ao profissional ou à entidade que, nos últimos anos, em particular no ano a concurso, tenha contribuído positivamente para a divulgação de livros, autores e edição através dos meios de comunicação social".

Aula de Poesia, editado pela Quetzal, é o seu mais recente livro. (...)

Como a literatura o seduziu? Foi de forma cautelosa ou de forma avassaladora?
Sempre se leu muito lá em casa, cresci com livros à minha volta. Mas o factor Sá-Carneiro foi determinante na mudança de paradigma. Do Eça, ainda hoje o meu preferido, saltei para o estranhamento em literatura. O resto foi uma sucessão de etapas: os brasileiros (Érico Verissimo, Clarice Lispector), os ingleses (Virginia Woolf, Katherine Mansfield), os poetas (T. S. Eliot, W. H. Auden), o realismo mágico (Alejo Carpentier, Gabriel García Márquez), os franceses (Sartre, Violette Leduc), os heterodoxos (Gore Vidal, Susan Sontag), a militância gay (Foucault, Andrew Sullivan), os portugueses... (Sena, Sophia, Cesariny, José Cardoso Pires). Alemães e italianos comecei a lê-los muito tarde, ainda hoje os leio pouco. Veja o caso da poesia portuguesa. Salvo Sena, Sophia e Cesariny, que lia desde rapaz, só comecei a dar atenção a poetas portugueses depois de vir viver para Portugal. O mesmo se diga, com maioria de razão, dos ficcionistas. Continuo a ler o Eça com o mesmo entusiasmo com que o descobri há mais de 40 anos, mas nunca consegui meter o dente no Camilo. Do Vergílio Ferreira só me interessa o diário, Conta-Corrente, obra única da nossa literatura. O Cardoso Pires perdeu fôlego depois do 25 de Abril... Autores como Maria Velho da Costa, Mário de Carvalho e Lídia Jorge só os comecei a ler depois de vir de Moçambique. Porém, a grande descoberta foi a Agustina, de quem li em 1975 ou 76 As Pessoas Felizes. O abalo foi de tal ordem que me vi compelido a ler tudo. (...)

Do seu ponto de visita, qual a importância dos Prémios Ler/Booktailors para o mercado literário nacional?
Não faço a mínima ideia. Pode ser que tenham utilidade pedagógica. Estou a pensar nas categorias de design, que estabelecem um contraponto entre o lixo que entope as livrarias e as excepções premiadas...» Ler na íntegra no Diário Digital.

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