«Há anos que tem presença assídua na Internet. Além do “site” oficial em várias línguas, mantém um blogue, disponibiliza capítulos dos seus livros, fotografias de família. E interage muito com os leitores. Em tempos era possível descarregar alguns dos seus livros a partir do site, mas agora está mais especializado: tem lá uma foto, vestido de pirata, que vai dar a um sítio de onde se podem descarregar as obras. Ele é o “Pirate Coelho”.»
Para ler aqui, na íntegra, a coluna Ciberescritas da semana passada dedicada ao homem que se fosse refrigerante seria a Coca-Cola.
«A Fundação Serralves está a promover um curso às terças-feiras, pelas 21:30, com o tema «O sentido nas raízes da cultura europeia», a partir de hoje e até dia 4 de Novembro. »
O debate do passado domingo no programa Câmara Clara, protagonizado por Francisco José Viegas e Isabel Alçada continua a ser falado na blogosfera. Desta feita é Carla Maia de Almeida, jornalista e escritora, que o comenta no seu O Jardim Assombrado, deixando no ar algumas dúvidas quanto aos critérios para atribuição do selo do PNL:
«Achei muito elucidativo o último “Câmara Clara”, onde se falou do Plano Nacional de Leitura. Só não percebo uma coisa: se, como afirmou Isabel Alçada, os responsáveis fazem (cito) “quando muito, análises de livros” e não de autores, por que razão aparecem livros etiquetados com o selo do PNL mal acabam de ser editados? Serão os senhores das gráficas que os analisam? Os livreiros? Sejamos concretos: a Presença faz isso. E garante que não age à revelia do PNL, que na sua listagem de obras recomendadas tem uma nota de rodapé a esclarecer os professores: “Os títulos que pertencem a uma colecção podem ser substituídos por outro título do mesmo autor e da mesma colecção.” A Presença entende que este critério se aplica mesmo aos livros acabados de sair. Eu não interpreto assim. Quer dizer: então basta um autor escrever um novo título para a mesma colecção, para o ver automaticamente incluído no PNL. Mesmo que seja de qualidade inferior ao antecedente. Em que ficamos? Isto é abrir um precedente grave. Se todas as editoras decidem fazer o mesmo, passamos a alucinar com milhares de rodelinhas brancas na livrarias. Então, para que serve o PNL? »
O jornalista e escritor Luís Graça vai dar um curso de Escrita Criativa a partir de álbuns de Banda Desenhada. O curso decorrerá durante seis sessões, às quartas-feiras, entre as 18 e as 19h30m, na sede da Associação Agostinho da Silva, ao Príncipe Real, em Lisboa.
O início ocorrerá a 22 de Outubro e o final a 26 de Novembro. O preço de inscrição é de 50 euros e o número de vagas está limitado a 20, sem prejuízo de reservar vaga para edições seguintes do curso, caso não se consiga inscrever para o primeiro.
No final do curso será construído um blogue pelos alunos, de forma a prosseguir o trabalho de forma interactiva.
Os álbuns de BD a partir dos quais se trabalhará (não é indispensável a sua aquisição, é aconselhável a sua leitura prévia) são os seguintes:
- A balada do mar salgado (Hugo Pratt), complementada com histórias curtas de Corto Maltese. - A Marca Amarela (da série "Blake and Mortimer", de Jacobs) - Astérix e o Caldeirão (Goscinny/Uderzo) - A trompa de névoa (da série Cavaleiro Ardente, de François Craenhals) - O Clic1 e o Clic2 (Milo Manara)
Os álbuns "A balada do Mar Salgado" e "A trompa de névoa" (muito difícil encontrá-los disponíveis à venda) podem ser lidos na Bedeteca de Lisboa, perto do Metro dos Olivais.
Sara Figueiredo Costa, no seu Cadeirão de Voltaire, comenta a última emissão de Câmara Clara (ver excerto abaixo), na qual Francisco José Viegas e Isabel Alçada protagonizaram um aceso debate sobre o PNL, nomeadamente sobre a necessidade de existência (ou não) de um cânone (sublinhados nossos):
«O vídeo da emissão de ontem do Câmara Clara já está disponível no site e vale a pena acompanhar a discussão entre Francisco José Viegas e Isabel Alçada a propósito do Plano Nacional de Leitura. Com o avançar da conversa, percebe-se onde é que as coisas se separam: para Isabel Alçada, o importante é que os miúdos leiam, porque só assim podem ganhar hábitos de leitura. Certo. Mas FJV levanta a problemática das escolhas, questionando, de um modo mais ou menos directo, os critérios que presidiram à definição das listas do PNL. Isabel Alçada assegura que não há livros mal escritos ou com erros. FJV insiste na necessidade de se pensar noutros critérios. E o espectador, pacatamente sentado no sofá, percebe que não houve outros critérios, ou pelo menos outros critérios directamente relacionados com a existência de um cânone, quando Isabel Alçada pergunta 'E quem é que define esse cânone?', desvalorizando o peso dos clássicos e a selecção do tempo e contrapondo à presença do cânone numa escolha do tipo do PNL a importância de dar a ler tudo, para os miúdos lhe ganharem o gosto. Subjacente a isto, e não radicalizando demasiado a qualidade do que se dá a ler (o que implicaria impedir, ou evitar, leituras menos boas, e isso parece-me obviamente pouco produtivo) fica uma ideia muito pobre do que subjaz à promoção da leitura e uma dúvida: se os miúdos só lerem manuais de instruções da Playstation até aos dez anos serão capazes de, algum dia, ler qualquer outra coisa? É uma leitura como qualquer outra, pelo que, seguindo esta lógica, devia estimular o gosto e o hábito de ler. Estimulará? Do mesmo modo, um miúdo que cresce sem qualquer acesso (adaptações incluídas) aos 'clássicos' (sim, os do cânone), algum dia terá capacidade para os ler?»