Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogtailors - o blogue da edição

Prémio Camões distingue Ferreira Gullar

31.05.10
«O prémio Camões 2010 foi hoje atribuído ao poeta brasileiro Ferreira Gullar. O júri não tinha ainda conseguido comunicar ao premiado que foi distinguido com o galardão. Gullar foi distinguido pela "nota pessoal de lirismo" e "valores universais" no seu trabalho.» Ler no Público. O diário disponibilizou ainda uma entrevista do poeta ao extinto (e saudoso) Mil Folhas. A entrevista foi conduzida por Carlos Câmara Leme.

Resposta de LeYa a Diário de Notícias

31.05.10
No seguimento desta notícia publicada pelo Diário de Notícias, na qual se referia que alguns manuais escolares do Grupo LeYa teriam recebido críticas por parte de alguns docentes, Carmo Correia (directora coordenadora Edições escolares) responde ao diário. Reproduzimos aqui essa mesma carta.

«Senhor Director,

O Diário de Notícias, que superiormente dirige, publicou hoje, dia 28 de Maio, um artigo intitulado "Professores criticam manuais", onde se "denuncia" a Editora LeYa, que é "acusada de lançar livros sem qualidade com base em sugestões dispersas dos docentes". Sobre esse artigo, permita-me dizer-lhe o seguinte:

1. O artigo refere-se a quatro manuais escolares da editora Sebenta, uma das editoras que integra a LeYa.

2. As edições da Sebenta caracterizam-se, desde sempre, por grande qualidade e rigor científico, de que são responsáveis autores com larga experiência no ensino, na formação de professores e na publicação de edições escolares e paraescolares.

3. Os manuais criticados pela jornalista integram um projecto pioneiro e inovador, que tem recolhido enorme adesão por parte dos professores, como é público e notório. Basta dizer que, na elaboração desses manuais, colaboraram com entusiasmo e competência cerca de 2 000 (dois mil!) professores, pertencentes a centenas de escolas do país.

4. Contra esses dois mil professores, contra os autores dos manuais, contra os seus revisores científicos e contra os seus certificadores oficiais, recolheu a jornalista a opinião de três pessoas: Paulo Guinote, cuja qualidade de autor da Porto Editora – a mais directa concorrente da Leya no mercado das edições escolares – a jornalista não achou necessário referir; Raquel Pereira Henriques, da Associação de Professores de História (matéria a que parcialmente respeita um dos quatro manuais em apreço); e Albino Almeida, da Confederação Nacional de Associações de Pais, sempre disponível para criticar a LeYa.

5. Paulo Guinote critica os manuais porque os professores que neles colaboraram não foram remunerados; Raquel Pereira Henriques porque entendeu que as questões colocadas no site sobre o manual e a disciplina «não eram muito complexas» e, sobretudo, porque foi pedido aos professores que respondessem de "forma sucinta e com número limitado de caracteres"; e Albino Almeida por não acreditar que "isto (sic) sirva para alguma coisa".

6. Salvo o devido respeito, não parece que a ausência de remuneração, o número limitado de caracteres (aliás, uma não verdade) e as dúvidas de fé de um dirigente associativo consintam as bombásticas conclusões tiradas pela jornalista do DN.

7. Parece evidente que estas três opiniões não permitem pôr em causa a qualidade e o rigor do trabalho de tanta gente, tão competente e tão dedicada, como a que participou, com entusiasmo e generosidade, na elaboração destes manuais.

8. No entanto, o artigo publicado põe em causa, em nosso entender, de forma leviana, manuais que foram sujeitos a certificação por parte do Ministério da Educação, e a avaliação científica e pedagógica por parte das Escolas Superiores de Educação de Viseu e de Setúbal, entidades que devem merecer tanto respeito e consideração quando aprovam os manuais escolares da LeYa como quando o fazem com os manuais de outras editoras concorrentes.

9. O director de marketing escolar da LeYa, quando contactado pela jornalista, nunca foi confrontado com as críticas – da jornalista ou das suas fontes – sobre a falta de qualidade dos manuais.

Permita, Senhor Director, uma última nota: este artigo foi publicado nas vésperas da escolha dos manuais que as escolas vão adoptar para o ano lectivo 2010/2011. O teor deste artigo, o seu título, a sua paginação – tudo contribui para prejudicar, num momento decisivo, o trabalho sério, competente, rigoroso que as editoras da LeYa realizaram. E, prejudicando a LeYa, beneficiam evidentemente as editoras que com ela concorrem, a cujos colaboradores foi dada a oportunidade de criticar o trabalho da LeYa, sem que a LeYa deles se pudesse defender.

Com os melhores cumprimentos,
Carmo Correia
Directora-Coordenadora de Edições Escolares»

Top Livros - semana de 17 a 23 de Maio

31.05.10
Ficção

Livrarias Almedina
1 Peregrinação de Enmanuel Jhesus, de Pedro Rosa (Dom Quixote)
2 Vinte e Zinco, de Mia Couto (Caminho)
3 O Chão das Raízes, de Leonel Cosme (Unicepe)
4 O Miúdo Que Pregava Pregos numa Tábua, de Manuel Alegre (Dom Quixote)
5 No País das Ultimas Coisas, de Paul Auster (ASA)
6 Solar, de Ian McEwan (Gradiva)
7 Livros & Cigarros, de George Orwell (Antígona)
8 Pedro Páramo, de Juan Rulfo (Cavalo De Ferro)
9 Melodia Interrompida, de Carlos Almeida Santos (Calçada das Letras)
10 O Museu da Inocência, de Orhan Pamuk (Presença)

Livrarias Bertrand
1 Indomável, de P. C. Cast (Saída de Emergência)
2 Mataram o Sidónio!, de Francisco Moita Flores (Casa das Letras)
3 Os Íntimos, de Inês Pedrosa (Dom Quixote)
4 Dança com o Diabo, de Sherrilyn Kenyon (Chá das Cinco)
5 A Arte de Morrer Longe, de Mário de Carvalho (Caminho)
6 A Melodia do Adeus, de Nicholas Sparks (Presença)
7 Peregrinação de Enmanuel Jhesus, de Pedro Rosa (Dom Quixote)
8 Jogo de Mãos, de Nora Roberts (Chá das Cinco)
9 Compaixão, de Jodi Picoult (Civilização)
10 A Mecânica do Coração, de Mathias Malzieu (Contraponto)

Não-ficção

Livrarias Almedina
1 Histórias Rocambolescas da História de Portugal, de João Ferreira (Esfera dos Livros)
2 Citações e Pensamentos de Agostinho da Silva, de Paulo Neves da Silva (Casa das Letras)
3 Educação: O Caminho da Nova Humanidade - Das Coisas às Pessoas aos Valores, de José Ribeiro Dias (Papiro)
4 Alegrias e Tristezas do Trabalho, de Alain de Botton (Dom Quixote)
5 Entre Droga e Crime, de Cândido De Agra (Casa das Letras)
6 Um Mundo Sem Deus - Ensaio Sobre o Ateísmo, de Michael Martin (Edições 70)
7 Islão - Passado, Presente e Futuro, de Hans Kung (Edições 70)
8 Os Segredos do Vaticano, de Bernard Lecomte (ASA)
9 Ansiedade, de Ricky Emanuel (Almedina)
10 Perversão, de Claire Pajaczkowska (Almedina)

Livrarias Bertrand
1 As Razões de Bento XVI, de Aura Miguel (Texto)
2 Vidas - Biografias, Perfis e Encontros, de Maria Filomena Mónica (Alêtheia)
3 D. Amélia, de Isabel Stilwell (A Esfera dos Livros)
4 Portugal: o Sabor da Terra, de José Mattoso, Suzanne Daveau e Durate Belo (Temas e Debates)
5 Histórias Rocambolescas da História de Portugal, de João Ferreira (Esfera dos Livros)
6 Mourinho - A Descoberta Guiada, de Luís Lourenço (Prime Books)
7 O Meu Pequeno Médico, de Graziela Gilioli (Verso de Kapa)
8 Os Alimentos e os Mitos que nos Engordam, de Isabel do Carmo (Livros D'Hoje)
9 Morrer É só não Ser Visto, de Inês de Barros Baptista (Planeta)
10 Aprender a Ser, de Christiane Águas (Ariana)

Infanto-Juvenil

Livrarias Almedina
1 Ismael e Chopin, de Miguel Sousa Tavares (Oficina do Livro)
2 A Múmia Sem Nome, de Geronimo Stilton (Presença)
3 Ulisses, de Maria Alberta Menéres (ASA)
4 À Beira do Lago dos Encantos, de Maria Alberta Menéres (ASA)
5 A História das Invenções, de AA.VV. (Texto)
6 Os Ovos Misteriosos, de Luísa Ducla Soares e Manuela Bacelar (Afrontamento)
7 Animalário Universal, de Miguel Murugarren (Orfeu Negro)
8 O Livrinho das Lengalengas, de Fedra Santos e José Viale Moutinho (Afrontamento)
9 Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos (Dinapress)
10 Canta o Galo Gordo, de Inês Pupo (Caminho)

Livrarias Bertrand
1 Ismael e Chopin, de Miguel Sousa Tavares (Oficina do Livro)
2 A Múmia Sem Nome, de Geronimo Stilton (Presença)
3 Olho por Olho, de Robert Muchamore (Porto Editora)
4 Salvemos a Baleia Branca, de Geronimo Stilton (Presença)
5 O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry (Presença)
6 O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne (ASA)
7 Guia Oficial Júnior - Mundial FIFA 2010, de Gavin Newsham (Booksmile)
8 Uma Aventura no Pulo do Lobo, de Ana Maria Magalhães (Caminho)
9 O Código do Dragão - 1ª Parte, de Tea Stilton (Presença)
10 O Meu Primeiro Jesus, de Peter Stilwell (Dom Quixote)

Opinião: Escrever à vista, desenhar sobre letras (Parte I), por Carla Maia de Almeida

31.05.10
ESCREVER À VISTA, DESENHAR SOBRE LETRAS (PARTE I),
por Carla Maia de Almeida (*)

Estava sem saber do que falar na crónica para o Blogtailors quando me ocorreu telefonar à Danuta. Danuta Wojciechowska, ilustradora e designer de origem canadiana e nome complicado (sei um truque mnemónico, se quiserem explico), a viver e a trabalhar em Lisboa desde 1984. Ganhou o Prémio Nacional de Ilustração em 2003 e já fez livros com uma série de escritores, incluindo Mia Couto, Ondjaki, António Mota e Alice Vieira. Adivinhem qual foi o tema da conversa.

Carla Maia de Almeida (CMA): É difícil trabalhar com escritores?
Danuta Wojciechowska (DW): Não posso generalizar. É uma experiência que muda de livro para livro, até com o mesmo escritor. Uma pessoa cria expectativas e depois acontece uma coisa diferente. Mas isso é o mais fascinante, quando se faz um livro a meias.

CMA: E exigente. Não sei é possível fazer um bom picture book se a relação entre escritor e ilustrador não for minimamente… fluente. Não digo que precisem de ser amigos, mas será possível fazer um bom livro se houver um mau relacionamento?
DW: Talvez só com um escritor morto…
CMA: Sim, pelo menos esses não levantam cabelo.
DW: Mas olha, eu já ilustrei contos do Hans Christian Andersen e foi como se ele voltasse a viver. Quando estava a trabalhar sobre o texto, era como se ele ganhasse vida própria. Isto pode parecer uma coisa um bocado maluca.

CMA: Nem por isso. E alguma vez recusaste ilustrar um livro?
DW: Já.

CMA: Não vamos personalizar. Mas qual foi o motivo, o texto ou a pessoa?
DW: Foi o texto. Há textos que eu começo a ler e vejo logo o que vou fazer, estou dentro; e há outros em que faço um trabalho grande de pesquisa, porque tenho de me transportar para uma realidade que desconheço. Quando se vai estar dez ou 12 horas por dia a trabalhar num livro que alguém escreveu, há que ponderar.

CMA: Visto do lado de cá, digo-te que esse trabalho pode ser um bocado invasivo…
DW: Gostava de te perguntar isso. Quando entregas o livro, sabes que o ilustrador vai ter uma influência enorme. De certo modo, é como se mexesse no texto. O que é que sentes?
CMA: Sinto uma ansiedade enorme. Como é que ele ou ela vai interpretar as minhas palavras? Não é fácil… Ao mesmo tempo, considero que o ilustrador pode ser tão autor como o escritor. Não têm de ser amigos, mas o ideal é que haja uma admiração recíproca. Uma sensibilidade e um respeito pelo trabalho artístico do outro.
DW: Para mim, as melhores soluções ocorrem quando escritor e ilustrador são a mesma pessoa, ou então quando são muito próximos. Por exemplo, o caso do Jean de Brunhoff, que inventou o elefante Babar. Dizem que era a mulher dele quem escrevia. Ou então como o Anthony Browne ou o Peter Sís ou a Marie-Louise Gay, que escrevem e ilustram ao mesmo tempo.

CMA: Acho que esse é o sonho de qualquer autor, ser uma espécie de artista total. Não gostavas?
DW: Gostava. Tenho cadernos cheios de ideias para livros. Ideias, esboços, estruturas, pequenas frases… Quem vem das artes talvez tenha mais capacidade para depois escrever. É mais difícil para quem escreve conquistar o domínio das linguagens pictóricas. De qualquer modo, é raro alguém dominar essas duas valências. Se houver a hipótese de as pessoas caminharem juntas na concepção de um livro em que exista esse tal respeito que tu referes… Confesso que perco um bocado o interesse se o escritor me quer dirigir muito. Perco a motivação. Quero sentir essa liberdade, no que é o meu campo.

CMA: Mas demasiada liberdade também não pode ser desmotivante?
DW: Pode. Eu não gosto de me sentir abandonada com a responsabilidade toda. Não quero que o escritor desapareça e me deixe com a criança nas mãos…
CMA: Percebo-te.
DW: Tem de haver equilíbrio. Da mesma maneira, penso que o escritor também não gostaria que o ilustrador mexesse no texto.
CMA: Não, mas a verdade é que, mesmo sem tocar numa palavra, o ilustrador já está a mexer no texto quando o interpreta por imagens.
DW: Exactamente, ele acrescenta a sua perspectiva.

CMA: Nesse sentido, o escritor fica mais «na mão» do ilustrador. No meu caso, houve alturas em que olhei para as ilustrações e pensei: «Não é isto. E agora, como é que vou dizer-lhe?» É aí que o editor pode desempatar, funcionando como uma espécie de «o juiz decide». Claro que é preciso distinguir o que são preciosismos e vaidades do ego de outras coisas que afectam a linha narrativa e a correspondência entre texto e imagem.
DW: Agora temos mais um elemento em jogo, embora cá em Portugal não apareça muito, que é o director de arte da editora. Normalmente, dá indicações muito importantes para o livro, porque tem mais conhecimentos da área das artes que o editor. Ele vê o livro exactamente como quer vê-lo, mesmo antes de estar pronto.

CMA: E tens de obedecer?
DW: Temos de aprender a lidar com eles, especialmente quando são muito intervencionistas. No caso dos asiáticos, então…

CMA: Como é a maneira de trabalhar dos asiáticos?
DW: Eles mandam o briefing e já têm tudo preparado. Dizem qual é a parte do texto que deve ser ilustrada na página x, podem ir ao ponto de descrever a expressão facial que querem, às vezes até mandam alguns esboços… Os americanos também funcionam muito assim. Até têm uma expressão de que eu não gosto nada: «we will use» ou «we might use your illustrations». É como o aluguer de um serviço. Existe o perigo da redução do papel do ilustrador e o resultado pode ser um produto mais «comestível».

CMA: É uma atitude bastante comercial.
DW: Sim, mas como depois aquilo é muito bem pago, há uma elevação do trabalho, há um diálogo que é recompensado. Essa parte é muito importante. Infelizmente, não é o que se passa em Portugal.

CMA: O mercado está a nivelar por baixo?
DW: A tendência é essa. E seria bom conseguir fugir dessas pressões e criar condições para que pudessem surgir livros originais, especiais.
CMA: «Os livros que ressoam», como diz a Cristina Taquelim, da Biblioteca de Beja. Gosto muito dessa expressão.


(*) Jornalista freelancer, colabora com a LER, Notícias Magazine e Notícias Sábado. Licenciada e pós-graduada em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa, tem uma pós-graduação em Livro Infantil pela Universidade Católica Portuguesa. Na Caminho, publicou O gato e a Rainha Só, Não Quero Usar Óculos e Ainda Falta Muito?. Escreve sobre livros e não só no blogue O Jardim Assombrado. Nasceu em Matosinhos, a 12 de Janeiro de 1969.
-
Consulte a oferta de formação da Booktailors na barra lateral do blogue.

Pág. 1/27