A nova revista da Fnac,
Estante, teve a sua apresentação na tarde de ontem, dia 10, na Fnac Chiado. Da apresentação da revista por Rui Zink,
Teolinda Gersão, Valter Hugo Mãe e Jorge Guerra e Paz, da comunicação da Fnac, (sobre)saíram um entusiasmo generalizado pelo nascimento de uma nova publicação literária e algumas conclusões sobre o panorama da imprensa escrita e do apoio estadual à cultura portuguesa.
Rui Zink começou por traçar uma linha da história recente das publicações portuguesas deste âmbito: comparativamente à revista Os Meus Livros, criada por João Morales, à LER e ao Jornal de Letras, Artes e Ideias (JL), a Estante, afirma Rui Zink, vem assumir um papel diferente, ao tentar ser «um instrumento cultural acessível»: a primeira edição foi distribuída gratuitamente, e as próximas passarão a ter o preço de 1,5 euros. Rui Zink compara mesmo o papel da Fnac atualmente ao da Fundação Calouste Gulbenkian antes do 25 de Abril de 1974. «A Fnac continua o seu papel cultural de há década e meia em Portugal», afirmou Zink, «o papel de verdadeiro ministério da Cultura. A Fnac afirma-se nestes dias como a Gulbenkian do livro». E «um livro é uma porta para o mundo de outra pessoa, é um alargamento dos nossos horizontes», sublinhou Teolinda Gersão, algo de uma importância que tem sido subestimada pelo governo português, completa Valter Hugo Mãe: «não deixámos de ter um ministério da Cultura, deixámos de ter secretaria de Estado da Cultura, [porque] também não sei onde ela está».
Valter Hugo Mãe lembrou mesmo, tal como no editorial que escreveu para este primeiro número da Estante, o papel que as publicações literárias portuguesas tiveram na sua aproximação à esfera literária portuguesa: «era a imprensa literária que nos trazia a percepção da realidade ou da existência dos escritores», evocando a revista LER e o JL e o seu papel na desmistificação do papel do escritor. Cada vez que um novo número saía, era «uma visita a quem abríamos a porta de casa», e, quando chegava, «servíamos-lhe um chá». «A proximidade entre quem escreve e quem lê», que aumenta com a publicação da Estante, é, assim, apontada pelo escritor como «mais um motivo para servir um chá» na sua casa.